A CUT e as demais centrais sindicais iniciam a semana em luta contra o
Projeto de Lei (PL) 4330/2004 que amplia a terceirização e a precarização.
Na manhã desta segunda-feira (10), as entidades discutirão na sede da UGT, em
São Paulo, estratégias para levar à mesa de negociação com o governo federal,
marcada para esta terça (11), em Brasília.
Também na terça, a partir das 14h30, a militância cutista promoverá um ato no
Anexo II da Câmara dos Deputados para impedir a aprovação do relatório do
deputado Arthur Maia (PMDB-BA), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O parecer de Maia aprofunda ainda mais os prejuízos da proposta do deputado
Sandro Mabel (PMDB-GO). O PL permite retrocessos como a terceirização na
atividade-fim, fator que autoriza a empresa existir sem qualquer contratado
direto. Além disso, prejudica a organização sindical e, portanto, enfraquece a
mobilização da classe trabalhadora.
A terceirização é sinônimo de precarização, conforme comprova estudo de 2011 do
Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e
da CUT: o trabalhador terceirizado fica 2,6 anos a menos no emprego, tem uma
jornada semanal de trabalho de três horas a mais e ganha 27% menos. Ainda
segundo a pesquisa, a cada 10 acidentes de trabalho, oito ocorrem entre
terceirizados.
Ataque organizado
Secretária de Relações do Trabalho da CUT, Maria das Graças Costa, destaca a
capacidade de pressão dos empresários, que conseguiram fazer o projeto retornar
à pauta na semana passada, por meio de requerimento de Arthur Maia, após ser
retirado da votação.
“Os patrões estão alinhados e estiveram em bloco na Câmara para defender
exatamente o inverso do que queremos. Nesse momento que vivemos, de pleno
emprego e de discutir melhores condições de trabalho, querem fazer discussão de
desregulamentar e rebaixar direitos.”
A dirigente lembra ainda que, no dia 14 de maio, as centrais definiram uma mesa
de negociação permanente com o governo federal para discutir a pauta da classe
trabalhadora. Entre os temas, está a terceirização.
O Executivo se comprometeu a mobilizar suas bases para frear o andamento do tema
enquanto não houvesse acordo com os trabalhadores sobre a questão, mas o texto
continuou tramitando.
“Além de tudo, os parlamentares agiram de maneira autoritária ao desrespeitarem
o diálogo. A informação é que o governo articulou para tirar da pauta, mas não
temos maioria na CCJ. Teremos, então, de exercer nosso poder de pressão”,
explica.
Secretário-adjunto de Organização, Valeir Ertle, acrescenta que o PL da
terceirização não está só na tentativa de precarizar as relações trabalhistas.
“Os empresários virão com tudo. Temos ainda o PL 951/2011, que cria o Simples
Trabalhista e, na prática, também pretende enfraquecer os sindicatos, ao criar
negociação coletiva específica trabalhista acima de qualquer outra convenção e
autorizar o trabalho aos domingos e feriados sem permissão prévia”, relaciona.
Termos inegociáveis – Diretor da Confederação dos Trabalhadores do
Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Miguel Pereira afirma que a representatividade
sindical e a igualdade entre os terceirizados e os contratados diretos são dois
termos inegociáveis para a Central.
Ele comenta que as categorias cutistas irão ampliar a pressão e planejam
promover paralisações para fazer enfrentamento ao projeto.
“Se o projeto passar, promoverá a divisão das categorias por atividades
econômicas, fracionando nossa articulação e dificultando a mobilização,
reduzindo conquistas. A convenção coletiva será aplicada cada vez menos pessoas
num cenário em que lutamos para fazer campanhas nacionais e aprofundar
conquistas”, define.