A notícia publicada pelo jornal Estado de Minas, na edição do último dia 4 de dezembro, mostra a verdadeira face da Magnesita Refratários. Enquanto a Empresa comemora a retomada das vendas, o aumento da lucratividade e celebra a disposição de ‘ir às compras’, na outra ponta, mantém a postura de ‘massacrar’ seus principais colaboradores, responsáveis pelo sucesso da Empresa.
Leia com atenção a matéria, principalmente as declarações do presidente da Magnesita, Ronaldo Iabrudi, e tire suas conclusões.
Magnesita prepara volta às compras
Paulo Paiva
Depois de digerir a aquisição da alemã LWB, realizada em setembro de 2008 por US$ 755 milhões, a mineira Magnesita, terceira maior fabricante mundial de refratários (material usado para revestir os altos-fornos da indústria de aço e de cimento), se prepara para voltar às compras e cumprir a meta de se tornar líder global do setor até 2012. “Já somos a mais rentável do mundo e agora queremos ser a maior em faturamento”, disse o diretor-presidente da empresa, Ronaldo Iabrudi. “Até o fim de 2010, estaremos preparados e com a mesma estrutura de quando compramos a LWB. Aí, poderemos partir para uma nova aquisição”, garantiu. Hoje, a número 1 do mundo é a austríaca RHI, seguida pela belga Vesuvius.
A compra da empresa alemã foi um osso difícil de engolir para a Magnesita. A crise financeira mundial pegou a empresa no fechamento do negócio. O financiamento para a compra, feito principalmente pelo banco americano JP Morgan, tornou-se um fantasma para a Magnesita. “Havia um compromisso com o JP para sindicalizar (dividir) o financiamento com outros bancos. Mas, com a crise, ninguém quis entrar no negócio”, lembra Iabrudi. E a parada da economia derrubou os resultados da empresa, que registrou prejuízo de R$ 50 milhões de janeiro a setembro deste ano.
Em outubro, contudo, a Magnesita realizou uma operação de aumento de capital, na qual o BNDES entrou com R$ 350 milhões e levou 3% (que pode chegar a 12%) do controle da fabricante de refratários. Paralelamente, o JP Morgan finalmente conseguiu sindicalizar o financiamento. Hoje, a Magnesita deve US$ 300 milhões ao banco americano, além de US$ 100 milhões ao Banco do Brasil (BB) e US$ 100 milhões ao Bradesco. Ao todo, a dívida líquida da empresa é de R$ 1,4 bilhão. “Pretendemos chegar ao fim de 2010 com uma relação de quatro por um entre endividamento e geração de caixa”, revelou o executivo.
Nesse ponto, será a hora de voltar às compras. “Sabemos qual é o perfil da noiva”, brincou Iabrudi. Os alvos serão empresas com geração de caixa menor, má administração e sem matéria-prima (a Magnesita é autossuficiente). Tanto a RHI quanto a Vesuvius se encaixam no perfil. “Ou uma grande empresa na Ásia”, completou. De fato, a Magnesita está incrementando suas operações na China, onde herdou uma planta industrial da WLB. Hoje, essa unidade produz 60 mil toneladas de refratários ao ano. A idéia é fazer a produção dobrar já no ano que vem, com investimentos em prensas e fornos.
Iabrudi assegurou, contudo, que os maiores investimentos da empresa serão efetivados no Brasil. “Vamos investir aqui em 2010 mais do que o dobro do que foi feito este ano”, garantiu. Até setembro, a Magnesita havia investido cerca de US$ 15 milhões no país. O orçamento para o ano que vem será definido na reunião do conselho da empresa, marcada para o dia 15.
A Magnesita é controlada pelo GP Investimentos e Gávea, que a adquiriram da família Pentagna Guimarães. No terceiro trimestre do ano, a empresa apresentou lucro líquido de R$ 24,4 milhões, interrompendo o longo ciclo de prejuízos – embora ainda vá fechar o ano no vermelho. A recuperação da Magnesita é resultado de um doloroso processo de reestruturação, com a demissão de 1,7 mil pessoas no Brasil e demais países onde opera, além de fechamento de unidades na Europa e Estados Unidos. “Neste ponto, a crise foi boa, pois nos possibilitou realizar a reestruturação mais rapidamente”, revelou Iabrudi. A retomada da economia também ajudou.